sábado

No mundo baloney de Paulo Sotero

Milla Kette - Dia 6 de outubro passado, casualmente, assisti a entrevista do chefe do escritório do Estadão em Washington, Paulo Sotero, na C-Span. Eu já havia lido um texto dele sobre a carta que deputados Republicanos enviaram à Casa Branca, apreensivos com a possível eleição de Lula, que manifestou-se publicamente contra o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. Ali, Sotero afirmou que “[a] carta reflete o alarme de Menges”, referindo-se ao texto “Blocking a New Axis of Evil” (http://www.washtimes.com/commentary/20020807-85262452.htm), escrito por dr. Constantine Menges, membro do, segundo ele, “arquiconservador” Hudson Institute. Para Sotero o mesmo não passa de baloney, o mesmo que idiotice, absurdo ou pior. Ele, no entanto, não explicou o porquê dessa afirmação. Perguntei a Sotero (em e-mail ainda não respondido), se o Hudson Institute fosse arquiliberal (esquerda aqui) a opinião de dr. Menges teria validade.



Dr. Menges, que recebeu o doutorado da Universidade de Columbia em Relações Internacionais, União Soviética e Alemanha, é expert em assuntos da America Latina. Ele possui uma longa história de trabalho: em 1961, auxiliava fugitivos da Berlim Oriental, quando o muro estava sendo construído; em 1963, trabalhou (como voluntário) pelo direito de voto para os negros no Mississipi; após a invasão soviética da Checoslováquia, em 1968, ele ajudou a resistência não-violenta. De 1990 a 2000, foi professor na George Washington University. Antes disso, serviu como Assistente Especial do Presidente para Assuntos de Segurança Nacional, na CIA como Agente Nacional de Inteligência. Esse é o currículo de alguém que, segundo Paulo Sotero, escreve… baloney.

Sotero relacionou os candidatos às eleições presidenciais (confessando que admirava Lula, mas ia votar em Serra), afirmando que eram todos de centristas a esquerdistas. Uma dúvida: centro da Extrema Esquerda é o que, heim? Ele afirmou que o voto é obrigatório no Brasil, mas esse “é um dia feliz, as pessoas gostam de votar. Eleição é sempre num Domingo, há muita alegria ligada às eleições no Brasil.” O entrevistador, surpreso com tanta alegria num ato obrigatório, perguntou como o sistema obrigatório controla os votantes.



Sotero enrolou-se um pouco, mencionou o Tribunal Eleitoral, uma penalidade muito pequena, dificuldade em obter documentos/benefícios do governo, enfim, coisa sem importância (no entanto, a Embaixada do Brasil em Washington me informou que após a 3a eleição, perde-se o direito de votar). Ele arrematou, afirmando que, numa “sociedade muito desigual”, é justo forçar (ele não usou essa palavra politicamente incorreta) as pessoas a votarem. Claro, ele não explicou que até a função de mesário é obrigatória --enquanto aqui é voluntária— chegando ao cúmulo de afirmar que obrigatoriedade deveria ser adotada pelos EUA, pois votar (forçado?!) “faz parte da Democracia”! Ele crê que o Brasil tem uma vantagem sobre os EUA, pois a eleição não é separada em Estados… (1)



Qualquer americano médio, que creia na liberdade que a Constituição faculta ao cidadão, jamais concordará que voto de cabresto é um ato justo, louvável, como insinuou Sotero; é impossível compreender uma justiça que te obriga a pagar 1 dólar que seja, deslocar-se a um Correio ou Cartório Eleitoral, em nome da equalização da sociedade! Onde fica direito do cidadão de não votar? Luiz Barros em texto no Estadão em 2000 (http://www.jt.estadao.com.br/editorias/02/08/17/artigos002.html), referiu-se ao nível de abstenção nas últimas eleições nos EUA (50%), e Sotero fez menção a isso, como um problema que seria solucionado com a obrigatoriedade do voto! Ele não compreende o conceito de deixar ao cidadão a decisão de votar ou não, pois no Brasil o Estado se outorga esse direito.



O entrevistador citou um artigo do NYT que versava sobre a preocupação internacional com a situação econômica no país e perguntou o que mudaria no Brasil com Lula. Sotero comentou que todos os candidatos haviam assinado um documento no qual comprometiam-se em manter a economia estável… Ele jurou de pés juntos que, tanto Lula quanto os outros candidatos honrariam a dívida do Brasil com o FMI. Segundo ele, Lula estará totalmente aberto à ALCA – muito provavelmente, depois que leu as pesquisas da CNBB. Num país com tanta “diferença social”, Sotero crê que Lula apela ao povo por ser “um homem do povo”, um trabalhador (?). Segundo ele, o PT “cotribuiu” para a Democracia, pois trouxe a presença de negros no governo e citou a Bendita como exemplo. O que ele esqueceu de creditar ao PT é a influência que o dono da Ilha-Presídio vai exercer no futuro do Brasil!



A entrevista dura 45 minutos e quem quiser assisti-la na íntegra, eis o link:
http://video.c-span.org:8080/ramgen/idrive/wj20021006.rm?start=49:36.5&end=1:3



(1) O Governo Federal nos EUA não controla as eleições, mas os Estados. Os mesmos passam a responsabilidade para os municípios (county ou parish). O Estado encarrega-se apenas das leis eleitorais. Por isso, as últimas alegações do Partido Democrata quando das primárias na Flórida (de que Jeb Bush não havia tomado as medidas necessárias para assegurar uma votação sem os problemas de 2000), são um exemplo de palavra baloney!


Rádio CBN: Analisar sem entender

João Pedro Jacques - A comentarista econômica Miriam Leitão avaliou como equivocada e superficial a declaração de Lula de que o problema do Brasil é político e não econômico. Esta análise foi transmitida pela Rádio CBN dia 8 de novembro, sexta-feira, em referência ao discurso feito pelo presidente eleito após a reunião sobre o possível “pacto social” (ouça em www.cbn.com.br).



Em princípio, eu concordo com a análise da Srª. Leitão sobre a natureza apolítica de diversos problemas da economia brasileira. Contudo, percebo que o exame feito pela colunista de economia da CBN é fraco, pois não é capaz de entender características fundamentais do objeto de sua observação.



A redução das coisas ao seu aspecto político é traço elementar do pensamento esquerdista. Em contrapartida, o inchaço da esfera política e sua fatal metástase para outros campos da realidade é a conseqüência concreta da expansão do discurso e das práticas de esquerda.




O socialismo é uma ideologia. Desta forma, os laços que este lança à realidade são tênues. São dependentes sobretudo da vontade e não dos fatos. Esta ideologia advoga a máxima concentração de poder em um mínimo de pessoas e o veículo desta ação está na organização política. Sem haver a necessária “politização” não há como o pensamento socialista agir concretamente.



Portanto, para um socialista toda a existência está confinada à dimensão política e tudo aquilo que não foi devidamente doutrinado pertence ao mundo da mentira, da fantasia, ou simplesmente não existe. Este viés é o que levou o Sr. Lula da Silva a dizer, durante um debate, que um indivíduo pode não assumir o fato de ser negro por uma questão de falta de “conscientização” política.



Conhecendo minimamente do que trata o projeto socialista, pessoa alguma ficaria surpreendida ou decepcionada com a superficialidade do presidente eleito em declarar que o grande problema nacional é de ordem política. No caso em questão fica evidente que falta à Srª. Leitão informação suficiente para entender as razões deste fenômeno. Tampouco é o exemplo da Srª. Leitão único, pois em nossa mídia já dizem que o futuro governo federal petista será de centro.



Aponto outro aspecto que não foi observado pela Srª. Leitão, ou por quase todos os outros “especialistas” em análise econômica e política. Ao declararem a dimensão política como absoluta, os esquerdistas exibem sua cabal incapacidade de compreender a verdade das coisas. Sua concepção do que é e como funciona a economia é completamente falaciosa. Aqueles “doutores” exibidos durante o programa eleitoral do PT, que nunca administraram uma barraca na feira, são os encarregados de desenhar a nova ordem econômica brasileira. Um plano que já parte da falsa premissa de que a origem dos problemas é político.



O que transcende o entendimento de Miriam Leitão e outros “experts” é que os esquerdistas são hábeis em organizar-se politicamente, porém pouco compreendem de economia e como administrá-la.

sexta-feira

Mais uma Vitória

Milla Kette, exclusivo para o OFFMIDIA - Acabei de tetemunhar a História sendo feita! Apesar da CNN tentar diminuir a importância da vitória de Bush sobre a ONU, afirmando que os países do Conselho de Segurança obtiveram o que queriam dos EUA para concordar com o presidente, a verdade é que o homem está deixando todo mundo de boca aberta.



Com a mesma simplicidade de antes da vitória –essa também histórica— de seu Partido nas últimas eleições, Bush falou à nação há alguns segundos, tendo Collin Powel a seu lado e colocou os pingos nos is para o Iraque e el Bigodón!. Alemanha e França, mesmo que amedrontados pela quantidade de muçulmanos que os habitam, e preocupados com a dependência que têm no ouro negro de Saddam, acabaram cedendo à estrategia magistral empregada pelo governo Bush. Assim caiu a Rússia, a quem o Iraque deve muita grana e a China, de quem os EUA são um cliente de poder econômico ilimitado.



Bush tem o país a seu lado e, inevitavelmente, colocou no bolso a tremelicante ONU. Saddam mandou para as cucuias todas as resoluções e ridicularizou a ONU; seus inspetores no Iraque relataram as vezes em que esperavam a burocracia iraquiana dar tempo a caminhões, que deixavam as premissas a serem inspecionadas, enquanto eles olhavam, impotentes. Na “no-fly zone”, a zona onde só os aliados (no caso os EUA e a Inglaterra apenas) podem sobrevoar, esses aviões são diariamente atacados.



Um jornalista da Fox News na área acaba de afirmar que uma mulher disse que “já era tempo de alguém fazer algo sobre aquele homem”, Saddam, obviamente, e que ninguém afirmaria isso frente a uma câmera no Iraque. Por mais de 10 anos, Saddam Hussein desrespeitou a ONU e riu na cara do mundo.



Mas o tempo dele acabou! Agora é obedecer às inspeções de forma irrestrita ou levar um pé no traseiro. Chegou o dia da vitória para o oprimido povo iraquiano. Até a Síria concordou com Bush. O próximo passo será resolver a complicada e delicada situação de Israel. Os palestinos, que foram, na verdade, originalmente jogados para fora da Jordânia, a pedra no sapato do único país democrático da região, não podem ser tratados simplesmente como um pedregulho e jogados fora, mas a situação tem que ser resolvida definitiva e eficientemente.



Bush provou que sabe o que está fazendo –e faz muito bem. Portanto, é sentar e esperar. Ele, que foi ridicularizado pela mídia de Esquerda do mundo inteiro, que foi chamado de ignorante, iletrado, disléxico, etc, hoje deve ter deixado muito jornalista paralisado em frente a uma folha de Word em branco!

O Ambientalista Cético


Robson Caetano - Foi lançado, há duas semanas, o livro O Ambientalista Cético de Bjorn Lomborg (Ed. Campus). O autor, de 37 anos, é professor associado do Departamento de Ciências Políticas da Universidade de Aarhus da Dinamarca, vegetariano, se considera de esquerda e antropocentrista e um ecologista nato, tendo sido ativista do Greenpeace. Hoje, Lomborg é uma voz ativa na crítica ao movimento ambientalista catastrofista. Como esta mudança ocorreu?



Um dia, Lomborg estava em uma livraria e se deparou o livro The Ultimate Resource 2, do economista Julian Simon, onde este afirmava que o mundo estava melhor, mais próspero e mais limpo. Estupefato diante das afirmações de Simon, que negavam tudo o que ele havia aprendido no Greenpeace e, na tentativa de refutar as suas conclusões, Lomborg deu início a um levantamento de dados postos à disposição por organizações como a ONU e a World Wildlife Federation-WWF.



Lomborg ficou pasmo com os resultados obtidos e os publicou no livro O Ambientalista Cético em 1998, na Dinamarca. Rapidamente, o livro se popularizou pela Europa, ao exibir 2.930 notas e mais de 1.400 referências bibliográficas. A sua publicação quase que passou despercebida, até ser republicado em inglês pela Cambridge University Press. A partir daí, o livro chegou ao conhecimento da mídia e foi muito bem recebido pelo The Economist, The Wall Street Journal e pelo Washington Post.



A reação dos grupos ambientalistas e dos cientistas foi imediata, com a publicação de matérias e artigos em jornais, alertando os leitores para o mal potencial que o livro de Lomborg trazia. Resultado: sua ousadia foi literalmente massacrada pela comunidade científica, que produziu um dossiê publicado na revista Scientific American em janeiro de 2002, onde desqualificava Lomborg pelo fato de ser estatístico e não um cientista, esquecendo-se, convenientemente, que, por exemplo, Newton, Galileu, Gauss e outros sábios não souberam resolver o difícil problema de determinar a longitude no mar, o que foi feito por um relojoeiro inglês, J. Harrison.. Além desta, curiosamente, as únicas críticas feitas ao livro foram de caráter metodológico de coleta e manipulação de dados. Nenhuma crítica foi feita a respeito do conteúdo d’O Ambientalista Cético. A revista ainda conclui que muita coisa está melhorando, mas, a descrição e a avaliação do mundo feita por Lomborg seriam vagas.



Afinal, que informações irritaram tanto os ambientalistas e os cientistas?



Entre outras coisas, ele afirma:



- Apenas 14% da floresta amazônica foi destruída.

- A redução das florestas é de 0,5% ao ano e não de 2 a 4%.

- A devastação de florestas não reduz a biodiversidade. Lombrog argumenta que as florestas dos EUA estão reduzidas a 1 ou 2% de seu tamanho original e só notou-se o desaparecimento de uma espécie de pássaro e ainda cita um exemplo brasileiro: só resta 12% da Mata Atlântica distribuída em grupos esparsos. Neste ponto, Lomborg afirma: "Segundo a regra utilizada pelos ecologistas, a metade das espécies deveria estar extinta. No entanto, quando a União Mundial pela Conservação da Natureza (UICN) e a Sociedade Brasileira de Zoologia, fizeram o recenseamento das 291 espécies conhecidas, nenhuma delas havia desaparecido. Podemos concluir com isso que as espécies são muito mais resistentes do que se imagina".

- Segundo a ONU, a produção agrícola no mundo em desenvolvimento aumentou 52% por pessoa.

- A ingestão diária de alimentos em países em desenvolvimento aumentou de 1.032 calorias em 1961 - o mínimo para sobreviver - para 2.650 calorias em 1998. E se prevê que aumente para 3.020 até 2030.

- A proporção das pessoas que passam fome nessas nações diminuiu de 45% em 1949 para os atuais 18%. Prevê-se que diminua ainda mais: 12% em 2010 e para 6% em 2030.

- Desde 1800, os preços dos gêneros alimentícios baixaram mais de 90%.

- O índice de crescimento da população humana atingiu seu pico, superior a 2% anuais, no início dos anos 60 do século 20. Situa-se hoje em 1,26%, e se prevê que caia para 0,46% em 2050. A ONU calcula que a maior parte do crescimento demográfico do mundo terminará em 2100, estabilizando-se pouco abaixo de 11 bilhões de pessoas.

- Lomborg afirma: "A poluição do ar diminui a partir do momento em que uma sociedade se torna suficientemente rica para se preocupar com o meio ambiente. No caso de Londres, a poluição atingiu seu ápice por volta de 1890. Atualmente, o ar nunca esteve mais puro e é preciso recuar até 1585 para encontrar uma qualidade de ar semelhante. Esse fenômeno pode ser generalizado para todos os países desenvolvidos".

- A expectativa de vida hoje é maior do que há 100 anos atrás.

- A pobreza diminuiu mais em 50 anos do que nos últimos 500.

- Há energia útil em abundância e petróleo para mais 150 anos.

- 20% das florestas foram perdidas para sempre e não dois terços delas como se supunha.

- 0,7% das espécies desaparecerá nos próximos 50 anos e não de 20 a 50%.

- A água está cada vez menos poluída.

Todos esses resultados são respaldados por organizações como a ONU, daí a dificuldade dos críticos em apontar informações falsas. Para Lomborg, os problemas existem, mas a sua dimensão é extremamente exagerada pelos ambientalistas e pela mídia, que não divulgam com a mesma consideração os problemas que já foram solucionados. Esta visão apocalíptica prejudica o progresso humano e favorece a credibilidade em ONG´s em detrimento das organizações empresariais. Lomborg questiona se a verdade está somente com as essas ONG´s.



Ele afirma que o aquecimento global é um fenômeno importante do ponto de vista ambiental, político e econômico. Não há dúvida alguma de que a humanidade tem contribuído para o aumento das concentrações atmosféricas de dióxido de carbono, e que isso provocará a elevação da temperatura. Mas, saber quais são as melhores atitudes a serem tomadas com relação ao futuro exige que separemos a hipérbole da realidade.





O Ambientalista Cético vai de encontro a várias previsões do ambientalismo não se confirmaram e ainda explica a razão de suas falhas, como o relatório do Clube de Roma, ''Limits to Growth'', de 1972, que fazia prognósticos sombrios sobre escassez de energia, poluição, extinção de espécies animais e vegetais e crescimento da população mundial, reafirmados, em 1981, por seu presidente, A. Peccei, em ''100 Pages Pour l'avenir''.



R. Malthus, em 1800 havia feito considerações catastrofistas sobre o crescimento populacional e dos meios de subsistência.



P.R. Ehrlich, biólogo e diretor do Centro de Estudos Populacionais da Universidade de Stanford, autor do The Population Bomb (1968), previu catástrofes maiores: ''A batalha para alimentar a humanidade acabou. Nos anos 70, o mundo passará por inanição de grandes proporções; centenas de milhões de pessoas morrerão de fome''. Ehrlich ainda dizia que a Inglaterra não existiria no ano 2000.



Nenhuma dessas previsões se confirmou.



O Greenpeace nega terminantemente que Lomborg tenha algum registro na organização e ainda diz:



“Os ambientalistas não se consideram pessoas pessimistas quanto ao futuro da Terra. Ao contrário: acreditam que é possível salvar o planeta da destruição que o vem atingindo nos últimos séculos e, por isso, arregaçam as mangas e se põem a trabalhar.



No entanto, levam a sério as ameaças reais ao meio ambiente e acham que há urgência em se tomar medidas efetivas de proteção ambiental. Em situações onde haja indícios fortes de que danos irreparáveis ao meio ambiente possam ocorrer, mesmo que não haja plena certeza científica sobre a dimensão e as características desses prejuízos, os ambientalistas acham melhor prevenir do que remediar.



Ou seja, propõem a adoção do Princípio da Precaução. Por isso, consideram Lomborg como um anti-ambientalista, que tenta convencer pessoas de que não há necessidade de se tomar atitudes urgentes com relação a problemas tão graves quanto as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade ou a contaminação do planeta. Há muitas maneiras honestas de vender livros e desenvolver uma carreira acadêmica, mas Lomborg ainda não as descobriu.” http://www.greenpeace.org.br/geral/bjorn_lomborg.asp



Exagerado ou não, o livro de Bjorn Lomborg vai na contra-mão do senso comum imposto a ferro e a fogo e abre um espaço saudável para a discussão do que realmente é imaginário e o que é real na causa ambientalista e deveria ser recebido pela comunidade científica, em tese, não como uma “ameaça” ao meio ambiente pura simples e, sim, como algo a ser, no mínimo, investigado para – quem sabe? – se tornar mais uma contribuição para ampliar os horizontes da ciência e do desenvolvimento humano.



quinta-feira

PERSONALISMO, FANATISMO E COLETIVISMO: SÓ FALTA A “PRAÇA VERMELHA”


Paulo Diniz Zamboni - Após a vitória de Lula na eleição presidencial, numa disputa onde TODOS os candidatos eram esquerdistas (variando apenas o grau do esquerdismo), marcada por um “bom mocismo” oportunista que impediu debates mais intensos principalmente a respeito de aspectos polêmicos ligados ao PT, como por exemplo, as relações históricas da legenda com ditadores e terroristas, e onde a mídia se posicionou de forma escandalosamente favorável ao candidato petista, prossegue a campanha para transformar Lula num autêntico líder messiânico.



Enquanto em todos os países verdadeiramente democráticos é não só desejável, mas também vital que existam forças de oposição, no Brasil surge a idéia de um “pacto social” para garantir a “governabilidade” do país, cabendo ao PMDB desempenhar aquele que tem sido seu papel há muito tempo: o de “fiel da balança”, fazendo o conhecido jogo fisiológico, trocando apoio por cargos. Aliás, dois conhecidos políticos, velhos freqüentadores dos corredores do poder em Brasília, Renan Calheiros e José Sarney, lideram as negociações com o PT. Como se vê, esse é o “novo” governo do Brasil...



O interessante é que após as eleições anteriores, o PT dedicou-se desde o primeiro instante a boicotar e atacar o governo eleito. A política partidária sempre esteve acima de outros interesses e todo tipo de dificuldade foi criada para o governo do PSDB. Não quero de forma alguma justificar o governo intervencionista de FHC, que apenas tolerou o mercado e a livre iniciativa, mas verdade seja dita: o PT sempre procurou sabotar o governo federal nos últimos oito anos, com constantes denúncias, utilizando seus simpatizantes na mídia e ministério público, e até mesmo pedidos de impedimento chegaram a ser cogitados contra o presidente.



E agora, quando chegam ao governo, sem maioria parlamentar, o que é que os petistas fazem? Saem-se com essa de “pacto social”, “pacto pela governabilidade”, dando a impressão de que o partido está cheio de ótimas e inquestionáveis intenções, que só poderão ser colocadas em prática com a participação de todos os partidos do congresso. O objetivo é claro: aos partidos que não participarem do governo petista, restará o ônus de se colocarem contra o governo “popular” de Lula, uma posição desconfortável que a mídia petista se encarregará de ampliar junto à opinião pública.



De tudo que está ocorrendo, três fatores chamam a atenção: Em primeiro lugar, a imensa e praticamente total vassalagem de órgãos de comunicação ao Sr. Lula, que, de repente, foi guindado ao posto de “sumidade nacional”. “Simpático”, “elegante”, “homem do povo”, candidato a títulos de doutor honoris causa, a uma vaga na Academia Brasileira de Letras, “Abraham Lincoln” e “Machado de Assis” brasileiro, “homem que conhece o Brasil de norte a sul”, “Jesus Cristo”, novo “Garrincha”, novo “Pelé” são alguns dos “humildes” adjetivos com que o novo presidente da República foi chamado pelos seus partidários.



Por trás desse “puxa-saquismo” desvairado existe um risco nada desprezível de ser criado um autêntico “culto à personalidade” no melhor estilo comunista ou fascista. Pelo ritmo das coisas, daqui a pouco estarão chamando o novo presidente de “maior gênio da história”, “pai de todos os brasileiros”, “maior cientista do mundo”, exatamente como os vassalos de Joseph Stálin faziam ao seu líder.



Em segundo lugar, temos a absoluta incapacidade dos petistas em aceitar criticas ao seu partido. Esse tipo de situação ficou evidente durante a disputa presidencial, quando houve todo tipo de ameaça de censura e processos contra sites ou e-mails contendo opiniões de internautas que se opusessem ao PT. A simples menção de fatos que são de conhecimento público, como a ligação do PT com os narco-terroristas colombianos das FARC, foi alvo de ampla censura, inclusive com a prestimosa colaboração da justiça eleitoral.



No Rio Grande do Sul, por exemplo, o candidato Tarso Genro atribuiu a sua derrota ao “anti-petismo”, o qual comparou, de forma absurda, ao “anti-semitismo”, numa clara tentativa de desqualificar os opositores do PT. Se durante a campanha a situação esteve nesse pé, pode-se imaginar como será durante o governo. E como agirá a mídia, quando e se as coisas tomarem rumos semelhantes aos da disputa eleitoral? Continuará servil?



E o que dizer da atitude do PT em fechar acordos com forças políticas e sociais que até bem pouco tempo eram classificadas pelos petistas como “reacionárias”? Alguns dirão: política no Brasil é assim mesmo. Pode ser, mas não era para combater esse tipo de política que o PT pretendia chegar ao governo? Ao invés de pragmatismo, não seria melhor classificar isso como mero oportunismo eleitoral, do qual o partido se aproveitou muito bem, negociando com velhas raposas políticas, que pouco dignificam a política nacional?



Finalmente, o Plano de Combate a Fome, apontado como “base” para as políticas sociais do futuro governo, é a mais pura e total demagogia, que tornará o cidadão dependente do governo federal para obtenção de alimentos, que farão parte de uma “lista”, e serão obtidos através de “cartões” fornecidos pelo governo. Será que ninguém percebeu que isso é uma forma de conceder ainda mais poder ao Estado sobre a vida das pessoas, além de favorecer clientelismo político? E pior: ninguém notou as semelhanças desse projeto com Cuba, onde o cidadão também obtém alimentos por meio de “cadernetas” e “cartões de racionamento”?



Portanto, temos elementos básicos do totalitarismo se configurando, com o culto a personalidade em torno de um homem que, intelectualmente, é um medíocre, mas que tende a ser transformado, pelo fanatismo de militantes de um partido político, em um grande líder. É esse fanatismo, também, que permite atos de censura, ameaças e intolerância com os que não concordam com as idéias dos novos donos do poder, e que apenas exercem seu direito de opinião. E, por fim, a transformação do Estado em elemento vital na vida nacional, com essa proposta de distribuição de alimentos e controle sobre as pessoas. Isso tudo somado, é a receita certa para o autoritarismo.



Agora só falta aparecer alguém sugerindo a construção de um lugar para celebrar as “conquistas” do novo governo, quem sabe no estilo “Praça Vermelha” de Moscou. Afinal, as semelhanças, ainda que sutis, entre as propostas do novo governo e o velho modelo bolchevista, são claras.

quarta-feira

O ESTRANHO SILÊNCIO DE EL COMANDANTE EN JEFE
 

Heitor De Paola, exclusivo para OFFMIDIA - Não parece estranho e enigmático o silêncio de el Comandante en Jefe Fidel Castro frente à eleição de seu mais ardoroso admirador para a Presidência do maior País da América Latina? Logo seu co-Presidente do Forum de São Paulo, onde prometeram em bela comunhão, recuperar tudo que foi perdido na Europa do Leste? Ainda mais que esta vitória se deu sob o comando de um de seus mais aplicados pupilos e agente?



Fidel tem sido o mais loquaz e verborrágico de todos os dirigentes de que se tem notícia, capaz de falar horas a fio, para não dizer coisa nenhuma. Sim, porque não existe ser humano que tenha assunto para tanto tempo. Seus ouvintes, não fossem os fuzis apontados para eles, teriam sumido no primeiro discurso. E agora, com esta tremenda vitória, nada, nem uma palavrinha? Na verdade, saiu no Globo dois dias após a eleição, que “vários Presidentes haviam ligado para nosso Presidente eleito para cumprimenta-lo, só Fidel destoou, ao declarar que não se espere uma revolução com esta vitória”. O que o Globo petista escreve não se deve assinar embaixo. Mas, nem um mísero telefonema de congratulações?



Só os incautos engolem esta sem perguntar nada, e eu sou demasiado cético para isto. Para mim este silêncio es muy sospechoso!  Não só pergunto, como me sinto tentado a fazer conjecturas. Será que não tem dedo do Duda Mendonça aí? Pode-se estar construindo uma nova figura de marketing, o Fidelito Paz y Amor, convertido à democracia e, a dar crédito ao Globo, nada entusiasmado com a vitória do seu candidato predileto. Ora, como diz o ditado popular, que já virou letra de pagode de sucesso: me engana, que eu gosto!


 

A conjuntura internacional não está um mar de Almirante para el Comandante. Seu pupilo número um,  o auto-promovido General Chávez, está por um fio, com o povo venezuelano há duas semanas nas ruas exigindo sua renúncia e a convocação de eleições imediatas. Guerra contra o denominado “eixo do mal”, ao qual está umbilicalmente ligado, por estourar a qualquer momento, principalmente após a estrondosa e histórica vitória de Bush nas eleições de meio de mandato. Povo cubano cada vez mais faminto e insatisfeito, apesar da propaganda em contrário.


 

Fidelito não se mantém no poder há 43 anos só às custas de sua conhecida truculência mas a uma combinação desta com uma rara astúcia e uma solene dissimulação que o fazem permanecer o enfant gaté dos esquerdosos de todo o mundo, apesar de todas as evidências de que sua ilha é uma prisão. E também, por parte de alguns não tão esquerdistas, como um líder nato adorado pelo povo. Esta idealização é alimentada com uma grande dose de vivaldice do próprio e dos seus sequazes.  O que estará sendo tramado atrás deste silêncio? Veremos. Mas certamente não é o silêncio dos inocentes mas, parafraseando Cervantes, del ingenioso hidalgo Don Fidel de la Isla.

terça-feira

Décadence avec tolérance

Igor Taam - Não sei porque deveria eu, ou qualquer outro, ser tolerante com as piores asneiras. Se ao invés da condescendência com os caras-de-pau, as pessoas mais sensatas lhes passassem uma bela descompostura, o eco da mediocridade que reverbera nos livros, nas diversas instituições, e na mídia em geral, não seria tão contínuo, aparentemente, inesgotável. Nota bene, estou longe de fazer propaganda à repressão exagerada contra bobices, ou qualquer outra repressão injusta. O ponto é, simplesmente, não confundir sensatez com corte.



Poderia dizer que, quando acho que devo ser intolerante com alguém, antes sinto a mesma coisa que um paciente sem anestesia, sendo operado por um médico que, além de passar longe do problema, só atinge as terminações nervosas. Como não estou dopado a ponto de ficar insensível às dores causadas pela estupidez, meus nervos ficam mesmo à flor da pele. E mesmo se recebesse a anestesia, os flagelos continuariam, apenas não iria percebê-los de imediato. Agora pergunto: será que alguém preferiria, ao invés de processar o médico, adulá-lo e recomendá-lo aos amigos? A resposta de qualquer pessoa normal será um sonoro não. Ora, se o Dr. Asno deve ser impedido de exercer sua arte de nos fazer adoecer, por que permitimos que outros operem de forma tão grosseira na política, nos debates nacionais, nas universidades, nos jornais? A maioria pode até ter sido anestesiada, mas os flagelos estão aí para quem quiser ver.



O pior de tudo é que a tolerância exacerbada, ou a falta de intolerância sensata entre pessoas honestas é demasiadamente freqüente. Nas democracias em geral, é inegável que, enquanto se orgulham da tolerância e liberdade de expressão, os diversos inimigos do mundo livre não são repreendidos de verdade. Ao contrário, até dão respeitáveis status quo para os algozes da democracia, principalmente no Brasil. Se no Reino Unido, nos EUA que têm a democracia que têm, já estão revendo várias aspectos da tolerância depois de 11 de setembro, fico cada vez mais convencido que é ridículo pensar que podemos tê-la, nos mesmos moldes e abertura, aqui. Eles estão anos-luz das nossas fragilidades, anos-luz dos nossos “imbecis coletivos”. Deu no que deu, a “festa da democracia” virou uma verdadeira suruba.



O nazismo é um dos poucos exemplos de socialismo que está cercado por todos os lados, esmagado tanto pela lei, e tanto pela mídia. Mas qualquer outra variante da doutrina socialista passa tranqüilamente como um grande sonho de homens bons, quase ingênuo. O socialismo já foi refutado por mais de mil maneiras, idôneas e irrefutáveis. Como na “Teoria da exploração do socialismo-comunismo” de Eugen von Böhm-Bawerk (http://www.olavodecarvalho.org/bbawerk/rosto_bohm.htm), por exemplo, é definitiva e inequívoca, realmente destrói qualquer argumentação socialista-comunista.



Socialismo-comunismo é crime, seu resultado não é outro senão a manipulação do coletivo sobre os indivíduos, o roubo e a miséria. Divulgá-lo é distorcer a realidade, é mentir, é apologia ao crime, seja em livros elegantes de capa dura, seja nos discursos panfletários. Mas aquele que se omite levianamente também erra.



A conclusão final é que os marxistas, ou são farsantes intelectuais cujo esforço maior é tentar explicar sua ideologia de algum modo, mesmo que não se justifiquem de modo algum, ou então, são ambiciosos que só querem chegar ao poder, exatamente, por meio da dialética desta maçaroca letrada e farsante que entope nossos meios de comunicação, seja declaradamente, seja como melancias. Como os intelectuais de real valor deixaram os debates nacionais chegarem ao atual estado de coisas?!? Seja por ignorar a seriedade disto, seja por etiqueta, seja por causa das artimanhas gramscinianas, seja o que for, perpetua-se em paz, a ignorância, a mentira, a desonestidade. Assim é a paz perpétua intelectual, um tapinha nas costas, um gracejo fingido, a tagarelice como argumento, e os conservadores incomodados que se recolham.



Poderia justificar a intolerância sensata de mil formas, ou salientar que a própria tolerância, a moderação que a esquerda alega ter, é por demais cínica, onde só permitem meia dúzia de vozes dissonantes. De qualquer forma, o essencial mesmo é que não deveríamos nunca ter nos permitido agir como donzelas com medinho de perder a pose de pessoas elegantes, e civilizadas. Não tolerar o avanço da barbárie coletiva antes que fosse tarde seria a tarefa do homem civilizado, nós fomos superficiais. Agora só nos resta entrar no rol de países que fizeram da farsa sua própria história, e ser mais um exemplo para outros povos que pensem em seguir o mesmo caminho.




LOMBORG

Bruno Moretzshon - Com um tempão de atraso, foi publicado no Brasil o livro do estatístico Bjorn Lomborg : "O Ambientalista Cético" ( ed. Campus). Sua tese, segundo a qual o mundo não está passando por crise ecológica nenhuma, promete escandalizar os entusiastas brasileiros das políticas de preservação ambiental, ou seja, a quase totalidade de nossa imprensa e academia.



Terror dos verdes em todo mundo, Lomborg já levou até torta na cara, método de refutação preferido por militantes do Greenpeace e outras pessoas maravilhosas, imbuídas de um fervor totalitário mal disfarçado.



Compreende-se o nervosismo desses caras. No livro, Lomborg procura derrubar todos os "tanques da cuca" dos verdes, investindo inclusive contra o Protocolo de Kioto: "só produzirá resultado positivo daqui a muito tempo e a um custo muito alto", afirma.



Em entrevista a O Globo, o estatístico assinalou que apenas 14% da floresta amazônica foi desmatada, que nunca se respirou um ar tão puro em Londres e que a mata atlântica foi sim destruída , mas, em sua maior parte, no século 19... Para Lomborg, o mundo em termos de meio ambiente está melhor, ao contrário do que geralmente se diz.



"Sou um antropocentrista sem culpas"- frase memorável da entrevista.



Isso me lembra uma discussão que eu tive há um tempo atrás: Um conhecido, comentando uma piada ecológica que eu tinha feito, chegou com aquela cara de "eu amo a Arara Azul" e disse: "eu não tenho essa visão antropocêntrica". Retruquei: " só isso que você disse já mostra a superioridade humana, já que um leão, por exemplo, não pode ver as coisas senão por uma perspectiva 'felinocêntrica'. Só o homem pode pensar em salvar outras espécies, daí a sua superioridade".



Para dizer a verdade, é até ridículo ter que explicar isso para as pessoas, especialmente para universitários. Ainda vou ler o livro, e se tiver paciência, farei comentários.

segunda-feira

De Barbudo para Barbudo


Milla Kette, de Ohio - O texto de José Meirelles Passos publicado no GloboNews.com em 31/10, “Lula o ‘Socialista Barbudo’” (1), mencionou a “forma particular” com que “[a] imprensa americana” informa “seus leitores sobre quem são as pessoas confiáveis nos quadros de governos dos paí-ses emergentes”. Infelizmente, ele esqueceu de relacionar em que jornais baseou essa afirmação e a que países emergentes se referiu.



Segundo ele, o Washinton Post (único jornal por ele citado), publicou um artigo sobre “o socialista barbudo mais conhecido como Lula”, onde ousou, “logo na primeira frase” (de um texto que ele não cita título, data ou autor), comentar (fato conhecido por todos) que ele é "um ex-líder sindical que nunca freqüentou uma faculdade". Ao que parece, de um barbudo para outro, a verdade machuca: Lula foi líder sindical e nunca freqüentou faculdade –o que, aliás, não vai impedi-lo de ser presenteado com um polpudo doutor honoris causa e, ao que parece, ser indicado para a Academia Brasileira de Letras!



Uma leitura mais prolongada do texto, deixa claro que Passos –que vive em Washintgon— não tem uma opinião positiva sobre o cidadão médio norte-americano. Segundo ele “[a]s narrativas jornalísticas (2) têm estado impregnadas de lugares-comuns e informações equivocadas que, somados, engordam a desinformação do americano médio.” Ou seja, o tal americano médio, não só é um desinformado, como não tem como selecionar o que lê!



É interessante observar que, como jornalista que vive em Washington, Passos deveria saber que toda Biblioteca Pública nos EUA oferece acesso gratuito à Internet (onde o desinformado americano médio pode ler o que bem entender), além de jornais variados e revistas… Eu, por exemplo, vivo numa cidadezinha de uns 5 mil habitantes em Ohio e a Biblioteca oferece acesso à Internet (3). Isso posto, como será que ele vê, digamos, obrasileiro médio?



Seria de bom alvitre se Passos pesasse as afirmações que Lula fez ao longo de sua carreira –tipo passar a perna no FMI; ele concluiria que isso, sim, poderia causar “dano nas relações bilaterais Brasil-EUA”, e não a “barreira ideológica vitaminada pela ignorância” que ele atribui ao povo e à mídia norte-americana.



Segundo ele, O’Neill teria afirmado num discurso que o mercado financeiro ficará de olho nas ações de Lula "para se assegurar de que ele não é um maluco”. Concluo que Passos não tem acesso a muito mais que o Washington Post, pois a revista National Review publicou um texto sobre Lula, intitulado “The Brazilian Nut”. Nut em inglês pode tanto ser maluco, quanto nóz; e Brazilian nut é … castanha-do-Pará. É óbvio que o autor do texto estava fazendo um jogo de palavras –mas para quem conhece a tragetória de Lula, a primeira definição pode bem acomodar-se às palavras de O’Neill…



Passos mostrou-se profundamente entristecido com a maneira como a reputação do agora presidente do Brasil foi tratada por “alguns veículos” (quais, ele não especifica), que afirmaram que Lula “foi criado por uma mãe solteira”, além, anátema, de rotulá-lo de… “populista”. Isso tudo, segundo ele, mesmo depois do “esforço de imagem feito ao longo da campanha eleitoral” por Duda & Cia, a fim de “lapidar” o “perfil pessoal“ dele “antes de distribuir à mídia estrangeira” as preciosas informações reais sobre Lulinha Peace & Love... E lá se foram os ternos Giorgio Armani! As conclusões que ele atribui à “lentes mal focadas”, eu atribuo a um estudo acurado, uma visão aguçada do passado recente de Lula, suas relações com o Forum de São Paulo, Castro, Chaves, FARC, etc, etc, etc.



Ao que tudo indica, Passos faz parte do grupo dos que têm como esporte atacar os EUA e seu povo, mesmo vivendo aqui –como Argemiro Ferreira e Toni Marques. Imagino, pelos primeiros passos da administração barbuda (que ainda não havia sido eleita e já ameaçava com cinco anos de prisão os cidadãos que, acreditando existir liberdade de expressão no Brasil, criticaram Lula em e-mails), que Passos vai ser muito popular com o novo presidente…



(1) http://globonews.globo.com/Parabolica/0,6993,QY602868-1204,00.html



(2) O uso que ele faz do plural nessa frase, chama a atenção, se analisarmos que ele deu como exemplo (sem citar nenhum artigo em particular), apenas o jornal Washinton Post, o Pravda do Potomac…



(3) Qualquer pessoa pode entrar numa Biblioteca nos EUA, sentar-se em frente a um computador e acessar a Net para pesquisar o que desejar.



domingo

Aviso aos leitores:

Prezados amigos. OFFMIDIA está cadastrando e-mails para o futuro envio do nosso boletim, uma newsletter diária com as principais notícias e artigos dos colaboradores desta página. Para receber o boletim, mande um e-mail para offmidia@hotmail.com escrevendo no “assunto” ou “subject” “CADASTRAR”, apenas isso. Depois de um período de recebimento destes e-mails, passaremos a oferecer a newsletter aos inscritos. Aos que já nos enviaram seus pedidos, muito obrigado.


O CAMINHO PARA O NIHILISMO

Continuação do texto REVOLUÇÃO E NIHILISMO



Heitor de Paola - Construção da figura mítica do Líder Herói, defesa do mesmo para que se torne inatacável e qualquer crítica seja respondida com profunda indignação, abolição de qualquer conceito válido, científico ou moral, de verdade objetiva, destruição sistemática do conhecimento racional e afirmação da vontade como superior a todo conhecimento. Com tais ingredientes, grande parte do caminho está feita. A ‘blindagem’ do Líder deve ser de tal monta que qualquer crítico ou discordante, seja visto como um ET. Tanto o Líder como seus adeptos devem falar de forma a mais genérica possível, sobretudo jamais entrar em discussões ou debates, nem tentar ser informativo ou usar algum argumento racional.



Rauschning diz que as pessoas geralmente levam a sério os programas revolucionários, mas não dão a devida atenção às táticas utilizadas pelas forças efetivas que se escondem atrás do programa. O programa é a exposição racional de metas aceitáveis; aquelas forças atuam no emocional de forma hipnótica, gerando o fanatismo. O programa deve conter elementos de forte apelo popular, no caso do nazismo foi a superioridade racial e a injustiça da convivência na Vaterland com raças inferiores com os mesmos direitos; em outros casos pode ser, p. ex., a “justiça” social. Mas este elemento não passa de isca para esconder o verdadeiro anzol: as táticas revolucionárias extremistas e a avidez pelo poder.



Os objetivos devem ser descritos de forma vaga pois servem apenas como elementos de recrutamento para atrair a militância, ou ao menos o voto, de todas as pessoas insatisfeitas com suas condições de existência. Os programas e objetivos são para as massas, a elite do movimento não respeita padrões éticos ou filosóficos e não deve se sentir comprometida senão com a mais absoluta lealdade aos companheiros.



A destruição do sentido das palavras é fundamental de modo que não reste mais nenhuma idéia digna deste nome, mas apenas substitutos das mesmas que possam ser instiladas nas massas por sugestão emocional de modo a criar um mito que dê às mesmas a energia para a ação. Faz-se necessária a apropriação das idéias das genuínas elites sociais e políticas – que costumam usa-las de forma racional – para enganar e hipnotizar uma nação perplexa com palavras que já não têm mais nenhum significado racional. Ausência de idéias e triunfo da vontade: eis o âmago do nihilismo. Uma nação desprovida de idéias é fácil de ser hipnotizada; um povo sem idéias não é mais do que massa amorfa e moldável.