A MANIPULAÇÃO DA CRISE PALESTINO-ISRAELENSE PELA MÍDIA
Paulo Diniz - Nas últimas semanas a violência em Israel voltou a ocupar espaços nos noticiários internacionais. Invariavelmente, somos obrigados a assistir, assim como já havia ocorrido na campanha dos Estados Unidos contra os terroristas de Bin Laden, um festival de demagogia esquerdista, com críticas severas dirigidas apenas contra os israelenses, que são alvo sistemático de ações terroristas, que resultam na morte de dezenas de jovens, mulheres e crianças, em sua imensa maioria, civis inocentes.
Obviamente que o primeiro-ministro israelense Ariel Sharon fechou muitas portas ao diálogo, e utiliza um poderio militar muitas vezes excessivo contra as cidades palestinas. Contudo, como reagir aos ataques terroristas ? Aceitando tudo como fato consumado? Ou chamando a ONU, com seu poder de “mentirinha”, para colocar uma força internacional na área?
Por outro lado, qual foi o papel de Arafat ao longo dos últimos meses? O de conciliador? Ao que parece não, embora a mídia internacional, incluindo a brasileira, tenha transformado Arafat em um “pobre coitado”, quando na verdade, ele parece ter manipulado os extremistas assassinos, para criar a impressão de que ele, Arafat, é um moderado que deve ser preservado.
Não vou nem abordar o tipo de cobertura dada por emissoras de televisão internacionais como a CNN, pertencente ao esquerdista pró-Fidel Castro Ted Turner (se alguém duvida, experimente assistir à versão em espanhol da CNN, onde todo tipo de denúncia esquerdista é tratada como verdade incontestável, e as sujeiras cometidas pelos comunistas latino-americanos, especialmente de Cuba ou das FARC são omitidas ou apresentadas como desastres naturais). Vou me ater ao tipo de cobertura da imprensa brasileira, como sempre contaminada pelo esquerdismo mais primitivo, que dessa vez está voltado contra o governo de Israel.
Em primeiro lugar, todas as ações dos palestinos são tratadas como atos de heroísmo, inclusive dando destaque aos famigerados “homens-bomba”, covardes assassinos, que explodem adolescentes e mulheres inocentes, ou então como fenômenos “naturais”, que não merecem condenação alguma.
Os nossos “brilhantes” jornalistas, apresentadores de televisão e comentaristas também não abordam o fato de que durante anos Arafat obteve muitos benefícios, como territórios, reconhecimento internacional materializado na forma de créditos e assessoria, além de aceitação sem precedentes em Israel, embora seja o responsável por inúmeros atentados terroristas, ao longo de décadas, que provocaram centenas de mortes entre os israelenses.
Apesar desses avanços inegáveis o que se verificou foi um aumento surpreendente de atentados e ataques contra os israelenses, inclusive com o assassinato de um ministro de estado. Outro detalhe que parece não ter importância para a nossa mídia, é que a maioria esmagadora das vítimas dos ataques palestinos são civis.
E assim a crise foi evoluindo, sucedendo-se os ataques e retaliações, com Arafat posando de vítima, que pouco pode fazer para conter os terroristas existentes entre suas fileiras. Isso demonstra que ele é fraco, incapaz ou desonesto, pois como pode o líder de um povo falar em acordos de paz, e permitir que seus compatriotas cometam ataques terroristas?
Mas já que os nossos esquerdistas e “humanistas” encastelados nos meios de comunicação estão tão preocupados com a violência na região, e gostam de apelar para comparações com o nazifascismo, creio que não seria muito pedir para que eles também falassem um pouco sobre os regimes “democráticos e defensores dos direitos humanos” que cercam Israel, e que estão fazendo de tudo para lucrar com a crise.
Que tal se começassem pela Síria? Criticam os israelenses pela ocupação do sul do Líbano (de onde, aliás, já saíram), mas e a Síria, que ocupa todo o país há décadas, tendo manipulado de todas as formas possíveis as diversas facções que lutaram ao longo da sangrenta guerra civil que destruiu o país?
Também seria interessante se alguém se lembrasse do massacre cometido contra a população civil de Beirute pelos sírios, entre 1990-91, quando bombardearam durante meses a capital libanesa, até vencerem os que tentavam impedir o controle total do país pelas tropas de Damasco. Mas talvez esse assunto não seja interessante, não é mesmo? Afinal, para algumas pessoas, determinadas vidas humanas parecem ser mais valiosas do que outras, principalmente se for possível fazer propaganda político-ideológica em cima delas.
Os palestinos são oprimidos pelos israelenses. Perfeito. Mas e os cristãos libaneses, o que acontece com eles sob o controle sírio? E o que dizer do Irã, país totalmente estranho à questão, já que nem ao menos é árabe, mas que insiste em utilizar-se dos terroristas libaneses do Hezbollah como instrumento de pressão contra Israel, país que o líder supremo da revolução islâmica iraniana, o aitolá Khomeini, jurou destruir?
O ditador iraquiano Saddan Hussein busca lucrar com a situação, oferecendo prêmios para as famílias dos terroristas palestinos que explodem junto com suas bombas, causando morte e destruição em Israel. Aliás, foi por causa de Saddan Hussein, durante a Guerra do Golfo, em 1991, que os palestinos perderam a maior parte do suporte financeiro dos países árabes moderados, devido ao apoio de Arafat ao ditador iraquiano na ocasião.
E para piorar, certos jornalistas como o sr. José Arbex Jr., notório simpatizante de todo tipo de causa antiamericana e antiisraelense, às quais, aliás, coloca à disposição os serviços de sua pena, insistem em comparar o Holocausto judeu à situação dos palestinos, fazendo eco com as declarações do comunista José Saramago. Aí, é possível suspeitar que o caso é de desonestidade mesmo, pois como é possível que homens da mídia, supostamente bem informados, não saibam que o país que abrigou nazistas fugitivos foi a Síria, criminosos como Alois Brunner, agente da Gestapo, responsável por dezenas de milhares de assassinatos?
Enfim, podemos não concordar com o que está acontecendo em Israel, mas, por favor, não deixemos que uma causa nobre como a criação de um estado palestino pacífico, seja representada e manipulada por gente tão sem qualidade como essa que se apresenta no momento, como se fossem todos donos da verdade.